Escuta clandestina - 9786559057023

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Escuta clandestina - 9786559057023

  • Editora7 LETRAS
  • Modelo: 9557023
  • Disponibilidade: Em estoque
  • R$ 39,20

    R$ 49,00
Do “oco de uma incubadora”, no poema de abertura, à “gestação fictícia desse minúsculo/ buraco negro”, de “O eclipse”, que encerra o livro, o que parece estar em jogo nesta Escuta clandestina é, antes de mais nada, o ato de tomar “a vida nas mãos”. Nesse movimento, entram em cena imagens arcaicas e afetos diversos (“adormecer entre as patas de um urso”), incômodos antepassados (“debaixo do mesmo teto/ nem me pagam aluguel”), interrogações sobre o cotidiano, o caos das metrópoles latino-americanas, além da variada gama de “quinquilharias” que habitam o sujeito contemporâneo — “muito entulho e pouca valia”, como é dito em “Sábado à noite”, em que a poeta se põe a vasculhar as caçambas de um bairro burguês (“entre casarões e cherokees distribuídos/ pelas ruas bem arborizadas”) em busca de “algum futuro cenário”.

O que move essa exploração é aquilo que constitui, desde sempre, a arma dos poetas: a imaginação turbinada pelo espanto, que deseja apalpar não só a realidade concreta, mas também a fugitiva vida interior, e descobrir o que pulsa sob a superfície. Não por acaso um dos fragmentos de “O eclipse” declara: “sempre gostei de desfiar a pele das uvas/ e observar as ranhuras do seu miolo suculento/ contra a luz”.

Esse gosto por “desfiar a pele” das coisas é, provavelmente, o responsável pela presença do grande número de imagens viscerais; e se há nestas muito de crueza, e crueldade, é porque, no fundo, respondem a um dos motivos fundantes do livro: a investigação de diversas modalidades da dor, como implícito no poema que dá título à coletânea.

Escuta clandestina, porém, não se limita a uma única vertente e, à dor, Clara Kok contrapõe, com muita habilidade, os recursos do humor e da invenção. Humor bastante particular, que ora se aproxima do lírico, ora do trágico, ora do absurdo, ora de todos estes combinados, mas que acaba operando quase sempre como via de libertação. Neste acerto de contas, os gestos secretos, as figuras invisíveis, tudo aquilo que numa cidade permanece não dito, “na calçada no banco do ônibus/ na cabine de um banheiro público”, ganha direito à palavra e passa de clandestino a comum, coletivo, concernente a todos, próprio de uma comunidade, no espaço compartilhado deste livro de estreia.
Características
Autor Clara Kok
Biografia Do “oco de uma incubadora”, no poema de abertura, à “gestação fictícia desse minúsculo/ buraco negro”, de “O eclipse”, que encerra o livro, o que parece estar em jogo nesta Escuta clandestina é, antes de mais nada, o ato de tomar “a vida nas mãos”. Nesse movimento, entram em cena imagens arcaicas e afetos diversos (“adormecer entre as patas de um urso”), incômodos antepassados (“debaixo do mesmo teto/ nem me pagam aluguel”), interrogações sobre o cotidiano, o caos das metrópoles latino-americanas, além da variada gama de “quinquilharias” que habitam o sujeito contemporâneo — “muito entulho e pouca valia”, como é dito em “Sábado à noite”, em que a poeta se põe a vasculhar as caçambas de um bairro burguês (“entre casarões e cherokees distribuídos/ pelas ruas bem arborizadas”) em busca de “algum futuro cenário”.

O que move essa exploração é aquilo que constitui, desde sempre, a arma dos poetas: a imaginação turbinada pelo espanto, que deseja apalpar não só a realidade concreta, mas também a fugitiva vida interior, e descobrir o que pulsa sob a superfície. Não por acaso um dos fragmentos de “O eclipse” declara: “sempre gostei de desfiar a pele das uvas/ e observar as ranhuras do seu miolo suculento/ contra a luz”.

Esse gosto por “desfiar a pele” das coisas é, provavelmente, o responsável pela presença do grande número de imagens viscerais; e se há nestas muito de crueza, e crueldade, é porque, no fundo, respondem a um dos motivos fundantes do livro: a investigação de diversas modalidades da dor, como implícito no poema que dá título à coletânea.

Escuta clandestina, porém, não se limita a uma única vertente e, à dor, Clara Kok contrapõe, com muita habilidade, os recursos do humor e da invenção. Humor bastante particular, que ora se aproxima do lírico, ora do trágico, ora do absurdo, ora de todos estes combinados, mas que acaba operando quase sempre como via de libertação. Neste acerto de contas, os gestos secretos, as figuras invisíveis, tudo aquilo que numa cidade permanece não dito, “na calçada no banco do ônibus/ na cabine de um banheiro público”, ganha direito à palavra e passa de clandestino a comum, coletivo, concernente a todos, próprio de uma comunidade, no espaço compartilhado deste livro de estreia.
Comprimento 21
Edição 1
Editora 7 LETRAS
ISBN 9786559057023
Largura 14
Páginas 80

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